Examinando as Escrituras

Cinco Pontos do Calvinismo

29-09-2015 16:08

Os Cinco Pontos do Calvinismo

Professor: Rev. Alcimar Dantas Dias

Pastor da Igreja Presbiteriana de Cruz das Armas

 

Pois Ele (Deus) diz Moisés: “Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão”. Assim, pois, não depende de quem quer, ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia”. (Romanos 9.15,16)

1) Depravação total 

2) Eleição incondicional 

3) Expiação limitada 

4) Graça irresistível 

5) Perseverança dos santos 

1.Eleição Incondicional

 

A doutrina bíblica da eleição consiste em que, antes da Criação, Deus selecionou da raça humana, antevista como decaída, aqueles a quem Ele redimiria, traria à fé, justificaria e glorificaria em Jesus Cristo e por meio dele (Rm 8.28-39; Ef 1.3-14; 2 Ts 2.13,14; 2 Tm 1.9,10). Esta escolha divina é uma expressão da graça livre e soberana, porque ela é não constrangida e nem condicional, não merecida por qualquer daqueles que são seus objetos. Deus não deve aos pecadores nenhuma misericórdia de qualquer espécie, mas somente condenação; por isso, é surpreendente e razão de sempiterno louvor, que Ele tenha decidido salvar alguns de nós; e louvor duplicado porque sua escolha incluiu o envio de seu próprio Filho para sofrer, como portador do pecado, pelos seus eleitos (Rm 8.32).

A doutrina da eleição, como toda verdade acerca de Deus, envolve mistério e, algumas vezes, incita à controvérsia. Mas na Escritura é uma doutrina pastoral, incluída ali para ajudar os cristãos a verem quão grande é a graça que os salva, conduzindo-os à humildade, confiança, alegria, louvor, fidelidade e santidade como resposta. É o segredo de família dos filhos de Deus. Não sabemos quem mais Ele escolheu entre aqueles que ainda não crêem, nem tampouco a razão por que nos escolheu em particular. O que de fato sabemos é que não seríamos crentes agora se não fóssemos eleitos e trazidos à fé.Como crentes eleitos podemos confiar que Deus completará em nós a boa obra que  começou (1 Co 1.8,9; Fp 1.6; 1 Ts 5.23,24; 2 Tm 1.12; 4.18). Assim, o conhecimento da eleição por parte de uma pessoa traz conforto e alegria.

Pedro nos diz que devemos “confirmar a (nossa) vocação e eleição” (2 Pe 1.10), isto é, certificá-la. A eleição é conhecida por seus frutos. Paulo sabia da eleição dos tessalonicenses por sua fé, esperança e amor, a transformação interna e externa que o evangelho tinha operado em sua vida (virtude, conhecimento, domínio próprio, perseverança, piedade, fraternidade, amor: 2 Pe 1.5- 7), mais seguros estaremos da própria eleição que nos foi concedida. Os eleitos são, de um ponto de vista, a dádiva de Deus ao Filho (Jo.6.39; 10.29; 17.2,24).

Jesus testifica que veio a este mundo especificamente para salvá-los (Jo 6.37-40; 10.14-16,26-29; 15.16; 17.6-26; Ef 5.25-27), e qualquer relato de sua missão deve enfatizar isto. Reprovação é o nome dado à eterna decisão de Deus a respeito dos pecadores que Ele não escolheu para a vida. Sua decisão é, em essência, não para mudá-los, como os eleitos são destinados a ser mudados, mas deixá-los ao pecado, como em seus corações eles já desejam fazer, e finalmente para julgá-los como merecem pelo que têm feito. Quando em casos particulares Deus os entrega a seus pecados (isto é, remove as restrições à prática de coisas que desejam fazer), isto já é o começo do julgamento. Ele se chama endurecimento” (Rm 9.18; 11.25; cf. Sl 81.12; Rm .24,26,28), que leva inevitavelmente a culpa maior. A reprovação é uma realidade bíblica (Rm 9.14-24; 1 Pe 2.8), mas não a que se relaciona diretamente com a conduta cristã. Até onde os cristãos saibam, os reprovados não têm face, não nos cabendo tentar identificá-los. Devendo, antes, viver à luz da certeza de que qualquer um pode ser salvo, se ele ou ela arrepender-se e colocar sua fé em Cristo. Devemos ver todas as pessoas que encontramos como possivelmente incluídas entre os eleitos.

 Pontos importantes sobre a Eleição

1) A eleição é desde a eternidade. Ef 1.4,5

2) A Eleição se torna evidente na vida (1 Ts 1.4). Isso não significa que alguém

tenha o direito de consignar seu próximo para o inferno ou chamá-lo de réprobo: Deus vê o coração; nós, não. Além disso, nós não somos infalivelmente inspirados, como foi o ensino de Paulo. Pode haver uma conversão no leito de morte.

3) A Eleição é soberana e incondicional; isto é, não está condicionada em obras predeterminadas nem em fé prevista (1 Co 1.27,28; 4.7; Ef 1.4; 2.8).

4) A Eleição é justa. Rm 9.14,15

5) A Eleição não se limita aos gentios; em cada era um remanescente dos judeus também está incluído. Rm 11.5

6) A Eleição é imutável e eficaz; os eleitos realmente alcançam o céu afinal. Obtêm a salvação (Rm 11.7). O propósito de Deus não pode ser frustrado (Rm 8.28-30; cf, 11.29; 2 Tm 2.19).

7) A Eleição afeta a vida em todas as suas fases. Não é abstrata. Embora a eleição faça parte do decreto de Deus desde a eternidade, torna-se uma força dinâmica no coração e na vida dos filhos de Deus. Também está claro que esse é o sentido aqui em 1 Ts 1.4: [Sabendo, amados irmãos, que a vossa eleição é de Deus]. Produz frutos tais como a adoção de filhos, a vocação ou chamamento, a fé, a justificação, Rm 8.28-30,35; Ef 1.4,5; Tt 1.1).

8) A Eleição diz respeito a indivíduos. Rm 16.13; Fp 4.3; cf. At 9.15.

9) A Eleição compreende esses indivíduos “em Cristo”, de modo que são realmente considerados como um só corpo. Ef 1.4; 2 Tm 2.10

10) A Eleição não só é uma eleição para a salvação, como certamente também

é (como um elo na corrente) para o serviço (Cl 3.12-17; cf. At 9.15,16).

11) A Eleição é ensinada não somente por Paulo, mas também pelo próprio Jesus. João 6.39; 10.11,14,28; 17.2,9,11,24: Jo 6:39 E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia.

12) A Eleição tem como alvo principal a glória de Deus, e é obra do seu beneplácito. Ef 1.4-6

 

2.Depravação Total

Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. ” Romanos 3:23

 

A depravação total significa que todos os homens nascem totalmente depravados, incapazes de se salvar ou de escolher o bem em questões espirituais (Jeremias 17.9; Romanos 8.1-11; Efésios 2.1-3; Efésios 4.17-19; 1 Joao 1.8-10).

Isso não quer dizer que todas as pessoas são tão más quanto elas poderiam ser. Significa, antes, que todos os seres humanos são afetados pelo pecado em todo campo do pensamento e da conduta, de forma que nada do que vem de alguém, separado da graça regeneradora de Deus, pode agrada-lo. A medida que nosso relacionamento com Deus e afetado, nós somos tão destruídos pelo pecado, que ninguém consegue entender adequadamente Deus ou os caminhos de Deus. Tampouco somos nós que buscamos Deus, e, sim, e ele quem primeiramente age dentro de nós para levar-nos a agir assim.

Um ponto comum de debate entre os teólogos concentra-se na pergunta: os seres humanos são basicamente bons ou basicamente maus? A base sobre a qual o argumento se move e a palavra basicamente. E um consenso praticamente universal que ninguém e perfeito. Aceitamos a máxima. Que diz que "errar e humano".

A Bíblia diz que "todos pecaram e carecem da gloria de Deus" (Rm. 3.23). A despeito desse veredito da falência humana, em nossa cultura dominada pelo humanismo ainda persiste a ideia de que o pecado e algo periférico ou tangencial a nossa natureza. De fato, somos maculados pelo pecado. Nosso registro moral e repreensível. Mesmo assim, de alguma maneira pensamos que nossas obras mas residem na extremidade ou na periferia do nosso caráter e nunca penetram o amago. Basicamente, conforme se supõe, as pessoas são inerentemente boas.

Depois de ser resgatado do cativeiro no Iraque e de ter experimentado em primeira mão os métodos corruptos de Sadam Husseim, um refém americano declarou: "A despeito de tudo que suportei, nunca perdi a confiança na bondade básica das pessoas", Talvez esta visão se apoie em parte sobre a tênue escala da bondade e da maldade relativa das pessoas. Obviamente, algumas pessoas são muito mais perversas do que outras. Perto de Sadam Hussein ou de Adolf I Hitler, o pecador comum fica parecendo santo. Entretanto, se olharmos para o padrão supremo de bondade — o caráter santo de Deus —, perceberemos que aquilo que parece ser bondade básica no padrão terreno, e extrema corrupção.  A Bíblia ensina a depravação total da raça humana. Depravação total significa corrupção radical. Temos de ter cuidado para ver a diferença entre depravação total e depravação absoluta. Ser completamente depravado significa ser o mais depravado possível. Hitler era extremamente depravado, mas ainda poderia ter sido pior do que era. Eu sou pecador. Mas poderia pecar com mais frequência e com mais gravidade do que faço. Não sou absolutamente depravado, mas sou totalmente depravado. Depravação total significa que eu e todas as demais pessoas somos depravados ou corrompidos na totalidade do nosso

ser. Não existe nenhuma parte de nós que não tenha sido tocada pelo pecado. Nossa mente, nossa vontade e nosso corpo estão afetados pelo mal. Proferimos palavra pecaminosa, praticamos atos pecaminosos e temos pensamentos impuros.

Nosso próprio corpo sofre a destruição do pecado. Talvez depravação radical seja um termo melhor do que “depravação total” para descrever nossa condição caída. Estou usando a palavra radical não tanto no sentido de extremo, mas com um sentido mais próximo do seu significado original. Radical vem da palavra latina para “raiz” ou amago”. Nosso problema com o pecado e que ele está enraizado no amago do nosso ser. Permeia todo nosso coração. O Pecado está no nosso amago e não simplesmente no exterior da nossa vida, e por isso a Bíblia diz: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, a uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. Romanos 3. 10-12 E por causa dessa condição que a Bíblia dá o seu veredito: estamos “mortos em nossos delitos e pecados”

(Ef 2.1); estamos “vendidos a escravidão do pecado” (Rm 7.14); somos “prisioneiros da lei do pecado” (Rm 7.23) e somos “por natureza filhos da ira” (Ef 2.3). Somente por meio do poder transformador do Espirito Santo podemos ser tirados desse estado de morte espiritual. E Deus quem nos vivifica, quando nos tornamos feitura dele (Ef 2.1-10).

A Queda

O primeiro Casal humano Pecou "Vendo a mulher que a arvore era boa para se comer, agradável aos olhos, e arvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu, e deu também ao marido, e ele comeu." (Gen. 3.6) Paulo, em Romanos, afirma que todo o gênero humano esta naturalmente sob a culpa e o poder do pecado, do reino da morte, e sob a inevitável ira de Deus (Rm 3.9, 19; 5. 17,21; 1.18,19; cf. todo trecho, 1.18-3.20). Ele retrocede até ao pecado de um homem, a quem, falando em Atenas, descreve como nosso ancestral comum (Rm 5.12-14; At 17.26; cf. 1 Co 15.22). Esta e a autorizada interpretação apostólica da história registrada em Genesis 3, onde encontramos a narrativa da queda, a desobediência do homem original a Deus e a religiosidade resultando no pecado e na perdição. Os pontos principais nessa história, vistos através da lente da interpretação paulina, são os seguintes:

  1. Deus fez do primeiro homem representante de toda a posteridade, do mesmo modo que ia fazer de Jesus Cristo o representante de todos os eleitos de Deus (Rm 5.15-19 com 8.29,30; 9.22-26). Em cada caso o representante devia envolver todos os que ele representava nos frutos da sua ação pessoal, fosse para o bem ou para o mal, exatamente como um líder nacional envolve seu povo nas consequências de sua ação quando, por exemplo, declara guerra. O plano divinamente escolhido, por meio do qual Adão determinaria o destino de seus descendentes, foi chamado pacto de obras, embora esta não seja uma expressão bíblica.

(b) Deus colocou o primeiro homem em um estado de felicidade e prometeu continuar isso para ele e sua posteridade, se ele mostrasse fidelidade por meio de um comportamento de obediência positiva perfeita, e especificamente por não comer de uma arvore descrita como a arvore do conhecimento do bem e do mal. Parecia que a arvore trazia este nome porque a questão era saber se Adão deixaria que Deus lhe dissesse o que era bom e o que era mau, ou procuraria decidir isso por si mesmo, desconsiderando o que Deus havia dito. Comendo daquela arvore, Adão estaria, de fato, reivindicando que poderia conhecer e decidir o que era bem ou mal para ele, sem qualquer referência a Deus.

(c) Adão, guiado por Eva, que, por sua vez, foi guiada pela serpente (Satanás disfarçado: 2 Co 11.3 com v.14; Ap 12.9), desafiou Deus comendo o fruto proibido. Os resultados foram, primeiro, que o anti-Deus, auto enaltecido e obstinado, expresso no pecado de Adão tornou-se parte dele e da natureza moral que ele transmitiu a seus descendentes (Gn 6.5; Rm 3.9.20). Segundo, Adão e Eva viram-se dominados por um sensó de poluição e culpa que os fez envergonhados e atemorizados perante Deus _ com boa razao.Terceiro, foram amaldicoados com expectativa de sófrimento e morte, e expulsós do Eden. Ao mesmo tempo, contudo, Deus começou a mostrar-lhes a misericórdia salvadora; Ele fez para eles vestes de pele para cobrir sua nudez, e prometeu-lhes que a semente da mulher esmagaria um dia a cabeça da serpente. Isto prenunciava Cristo.

Embora narrando a história em um estilo um tanto figurado, o Genesis nos pede que a leiamos como história; no Genesis, Adão liga-se aos patriarcas e com eles ao resto da raça humana pela genealogia (cap.5,10,11), o que faz dele parte significativa da história no tempo e no espaço, tanto quanto Abraão, Isaque e Jacó. Todos os principais personagens do livro, exceto Jose, são apresentados como pecadores, de uma forma ou de outra, e a morte de Jose, como a de quase todos os demais na história, e cuidadosamente registrada (Gn 50.22-26); a afirmação de Paulo “em Adão todos morrem” (1 Co 15.22) apenas torna explicito o que Genesis já claramente implica.

Pode-se argumentar razoavelmente que a narrativa da queda proporciona a única explanação convincente da perversidade da natureza humana que o mundo jamais viu. Pascal disse que a doutrina do pecado original parece uma ofensa a razão, mas, uma vez aceita, ela faz sentido total com toda a condição humana. Ele estava certo, e a mesma coisa pode e deve ser dita da própria narrativa da queda.

 

3.Expiação limitada

“Sem derramento de sangue não há remissão.” (Hebreus 9:22)

 

A expressão Expiação limitada é, potencialmente, enganosa, pois ela parece sugerir que os reformadores desejam de alguma forma limitar o valor da morte de Cristo. Não e o caso. O valor da morte de Cristo é infinito. A Teologia Reformada acentua que Jesus realmente fez a propiciação pelos pecados daqueles a quem o Pai escolhera. Ele realmente aplacou a ira de Deus para com seu povo, assumindo a culpa sobre si mesmo, redimindo-os verdadeiramente e reconciliando verdadeiramente aquelas pessoas específicas com Deus. Um nome melhor para expiação “limitada” seria redenção “particular” ou “especifica”

A doutrina da expiação é central em toda a teologia cristã. Lutero chamou o cristianismo de teologia da cruz. A figura de uma cruz á o símbolo universal do cristianismo. O conceito de expiação retrocede ao Antigo Testamento, onde Deus estabeleceu um sistema pelo qual o povo de Israel pudesse fazer expiação por seus pecados. Expiar é fazer emendas, e concertar as coisas; Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento deixam bem claro que todos os seres humanos são pecadores. Como nossos pecados são contra um Deus santo e infinito, que não pode nem mesmo olhar para o pecado, a expiação deve feita a fim de podermos ter comunhão com Deus. O pecado afeta até mesmo os nossos melhores atos, e por isso somos incapazes de fazer sacrifício satisfatório. (Rm 3.21-28; Rm 5.17-19)

A expiação envolve substituição e satisfação. Tomando a maldição de Deus sobre si, Jesus satisfez as exigências da santa justiça (1 Ts 1.10). Uma frase-chave na Bíblia, concernente a expiação é "em nosso favor". Jesus não morreu por si mesmo, mas por nos. Seu sofrimento foi vicário; ele foi o nosso substituto. Ele tomou nosso lugar assumindo o papel do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

 

Em Resumo:

1. Expiação envolve pagamento para quitar um débito. (Cl 2:14)

2. Os seres humanos não podem fazer expiação por seus próprios pecados. (Rm3:23; Ef.1:7)

3. A perfeição de Jesus o qualificou para fazer a expiação (1Pe.1:18,19)

4. Cristo cumpriu a maldição da Antiga Aliança. (Rm 6:23)

5. A expiação de Cristo foi uma obra de substituição e de satisfação. (Rm 3:25,26)

6. O Pai e o filho trabalharam juntos em harmonia para efetuar nossa reconciliação.(Jo. 17: 1 a 3)

 

A visão reformada sustenta que a expiação de Cristo foi destinada e tencionada só para os eleitos. Cristo deu sua vida por suas ovelhas - e só por suas ovelhas. Além disso, a expiação garantiu a salvação para todos os eleitos. A expiação foi uma obra real de redenção e não simplesmente potencial. Nesta visão, não há possibilidade de que o designio e intenção de Deus para a expiação sejam frustrados. O propósito de Deus na salvação é infalível.

 

4.Graça Irresistível

Ez 36.26,27; Rm 8.30; Ef 1.7-12; 2 Ts 2.13,14; 2 Tm 1.8-12

            Pecadores arruinados resistem a graça de Deus, mas a sua graça regeneradora é efetiva. Ela supera o pecado e realiza os desígnios de Deus.

A Vocação Eficaz

Ez 36.26,27; Rm 8.30; Ef 1.7-12; 2 Ts 2.13,14; 2 Tm 1.8-12

Quando Jesus chamou Lázaro para fora do túmulo, Lázaro respondeu voltando a vida. Há também um chamado eficaz de Deus na vida do crente. É um chamado que alcança o efeito desejado. O chamado eficaz está relacionado com o poder de Deus ao regenerar o pecador da morte espiritual. Às vezes esse chamado é referido como "graça irresistível".

Quando Paulo ensina que aquele a quem Deus predestinou, a esse ele chama, e aqueles a quem chamou também justifica, (Rm 8.30) o chamado a que se refere e a vocação eficaz de Deus.

A vocação eficaz de Deus é uma vocação interior. É a obra secreta de vivificação ou regeneração realizada na alma dos eleitos pela operação imediata e sobrenatural do espirito Santo. Efetua ou opera a mudança da disposição, inclinação e desejo da alma. Antes da vocação eficaz e interior de Deus ser recebida, nenhuma pessoa tem inclinação para aproximar-se dele. Todo aquele que e efetivamente chamado tem uma nova disposição para com Deus e reponde com fé. Vemos, então, que a própria Fe e um dom de Deus, tempos sido dada na vocação eficaz do Espirito Santo. A pregação do evangelho representa a vocação exterior de Deus. Esta vocação e ouvida audivelmente tanto pelos eleitos como pelos não-eleitos. O ser humano tem a capacidade de resistir e recusar a vocação exterior. Ninguém respondera a vocação exterior com fé a menos que esta vocação seja acompanhada pela vocação eficaz do Espirito Santo no interior. A vocação eficaz e irresistível no sentido em que Deus soberanamente faz com que produza o resultado desejado. Esta obra soberana da graça e resistível no sentido em que podemos e realmente a resistimos em nossa natureza caída, mas e irresistível no sentido em que a graça de Deus prevalece sobre nossa resistência natural.

A vocação eficaz se refere ao poder criador de Deus pelo qual somos conduzidos a vida espiritual. O apostolo Paulo escreve:

"E vos vivificou, estando vos mortos em ofensas e pecados, Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espirito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também." E 2.1-3 Nos, que antes éramos filhos da ira e estávamos espiritualmente mortos, nos tornamos os "chamados" pela virtude do poder e da eficácia da vocação interior de Deus. Em sua graça, o Espirito Nos, que antes éramos filhos da ira e estávamos espiritualmente mortos, nos tornamos os "chamados" pela virtude do poder e da eficácia da vocação interior de Deus. Em sua graça, o Espirito nos dá olhos para ver o que não veríamos e ouvidos para ouvir o que de outra maneira não ouviríamos.

O Chamado do Evangelho

Qual é a mensagem do evangelho? Como ele se torna eficaz?

             EXPLICACAO E BASE BÍBLICA - Quando Paulo fala a respeito do modo em que Deus traz salvação a nossa vida, ele diz: “E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou” (Rm 8.30). Aqui Paulo ressalta uma ordem definida na qual a bênção da salvação vem a nos. Embora muito tempo atrás, quando o mundo ainda não havia sido feito, Deus nos tenha predestinado para que fossemos seus filhos e para que nos conformássemos a imagem de seu Filho, aqui Paulo salienta o fato de que, no desenvolvimento real do seu proposito em nossa vida, Deus nos “chamou”. Então Paulo imediatamente cita a justificação e a glorificação, mostrando que essas coisas vêm após o chamado eficaz. Paulo indica que há uma ordem definida no proposito salvador de Deus (embora não em todos aspectos de nossa salvação mencionados aqui). Assim, vamos começar a nossa discussão das diferentes partes de nossa experiência de salvação com o tópico do chamado.

 

A. O chamado eficaz Quando Paulo diz: “aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou” (Rim 8.30), ele assinala que o chamado e um ato divino. De fato, e especialmente um ato de Deus Pai, pois e ele quem predestina as pessoas “para serem conformes a imagem de seu Filho” (Rm 8.29). Outros versículos descrevem mais plenamente o que e esse chamado. Quando Deus chama as pessoas desse modo poderoso, ele as chama “das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe 2.9); ele as chama “a comunhão com seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (lCo 1.9; cf. At 2.39) e para o seu Reino e gloria” (lTs 2.12; cf. lPe 5.10; 2Pe 1.3). Os individuos que foram chamados por Deus pertencem “a Jesus Cristo” (Rm 1.6). Eles são chamados para “serem santos” (Rm 1.7; lCo 1.2) e vieram para o Reino de paz (lCo 7.15; Cl 3.15), liberdade (Gl 5.13), esperança (Ef 1.18; 4.4), e santidade (lTs 4.7) suportando com paciência o sofrimento (lPe 2.20,21; 3.9) para desfrutar a vida eterna (lTm 6.12).

 “Fiel é Deus, o qual os chamou a comunhão com seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (lCo 1.9). Esse poderoso ato de Deus e muitas vezes designado vocação eficaz, para distingui-lo do convite geral do evangelho que se dirige a todas as pessoas e que algumas rejeitam. Isso não significa que a proclamação humana do evangelho não esteja envolvida. De fato, o chamado eficaz de Deus vem por intermédio da pregação humana do evangelho, porque Paulo diz: “Ele os chamou para isso por meio de nosso evangelho, a fim de tomarem posse da gloria de nosso Senhor Jesus Cristo” (2Ts 2.14). Naturalmente há muitos que ouvem o chamado geral da mensagem do evangelho e não respondem. Mas em alguns casos o chamado do evangelho torna-se eficaz pela ação do Espirito Santo no coração das pessoas, de forma que elas respondem; podemos dizer que elas receberam a “vocação eficaz”.

Podemos definir a vocação eficaz da seguinte maneira: Vocação eficaz e o ato de Deus Pai, falando por meio da proclamação humana do evangelho, pelo qual ele convoca as pessoas para si mesmo de tal modo que elas respondem com fé salvadora.

E importante não dar a impressão de que as pessoas serão salvas pelo poder dessa vocação independentemente da resposta deliberada delas ao evangelho (v. cap. 21 sobre a fé pessoal e o arrependimento que são necessários a salvação). Embora seja verdade que a vocação eficaz desperta e produz a resposta em nos, devemos sempre insistir em que essa resposta ainda tem de ser voluntaria, uma resposta deliberada na qual o indivíduo coloca sua confiança em Cristo. Essa e a razão por que a oração e tão importante para a evangelização eficaz. A menos que Deus opere no coração das pessoas para tornar a proclamação do evangelho eficaz, não haverá nenhuma resposta salvadora genuína. Jesus disse: “Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, não o atrair” (Jo 6.44).

 

Um exemplo do chamado do evangelho operando eficazmente e visto na primeira visita de Paulo a Filipos. Quando Lidia ouviu a mensagem do evangelho, “o Senhor abriu seu coração para atender a mensagem de Paulo” (At 16.14). Ao contrário da vocação eficaz, que é inteiramente ato de Deus, podemos falar a respeito do chamado do evangelho em geral, que vem por meio da linguagem humana. Esse chamado do evangelho e oferecido a todas as pessoas, mesmo as que não o aceitam. As vezes esse chamado do evangelho refere-se ao chamado externo ou chamado geral. Em contrapartida, a vocação eficaz de Deus que realmente produz a resposta deliberada da pessoa que ouve e por vezes chamada vocação interna. O chamado do evangelho e geral e externo e muitas vezes e rejeitado, ao passo que a vocação eficaz e particular, interna e sempre e eficaz. Contudo, isso não significa diminuir a importância do chamado do evangelho — que e o meio pelo qual a vocação eficaz acontecera. Sem o chamado do evangelho, ninguém poderá responder e ser salvo! “E como crerão naquele de quem não ouviram falar? ” (Rm 10.14). Portanto, e importante entender exatamente o que significa o chamado do evangelho.

 

B. Os elementos do chamado do evangelho

Três elementos importantes devem ser incluídos na pregação do evangelho.

1. Explicação dos fatos concernentes a salvação.

A. Todas as pessoas pecaram (Rm 3.23)

B. A penalidade do pecado e a morte (Rm 6.23) e

 C. Jesus Cristo morreu para pagar a penalidade de nossos pecados (Rm 5.8).

2. O Chamado, Mt 11:28

3. A promessa de perdão e de vida eterna.

A principal promessa na mensagem do evangelho e o perdão de pecados e a vida eterna com Deus. “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que tudo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). Na pregação do evangelho, Pedro diz: “Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus, para que os seus pecados sejam cancelados” (At 3.19; cf. 2.38). Juntamente com a promessa de perdão e de vida eterna deve estar a certeza de que Cristo aceitara todos os que vem a ele em sincero arrependimento e fé na busca da salvação: “... e quem vier a mim eu jamais rejeitarei” (Jo 6.37).

C. A importância do chamado do evangelho

A doutrina do chamado do evangelho é importante porque, se não houvesse o chamado do evangelho, nos não poderíamos ser salvos. “E como crerão naquele de quem não ouviram falar? ” (Rm 10.14). O chamado do evangelho e importante também porque por meio dele Deus se dirige a nos na plenitude de nossa humanidade. Ele não na salva simplesmente de forma “automática”, sem procurar uma resposta em nós como pessoas completas. Ao contrário, no chamado do evangelho ele se dirige ao nosso intelecto, as nossas emoções e a nossa vontade. Ele fala ao nosso intelecto ao nos explicar os fatos da salvação em sua Palavra. Ele fala as nossas emoções fazendo-nos um convite pessoal sincero que pede uma resposta. Ele fala a nossa vontade por pedir-nos para ouvir o seu convite e responder a ele deliberadamente em arrependimento e fé — para que decidamos abandonar nossos pecados e receber Cristo como Salvador, descansando nosso coração nele para a salvação.                                                                                                       

 

5. Perseverança dos Salvos

Todos os que verdadeiramente nasceram de novo perseverarão até o fim. Muitas passagens ensinam que os que verdadeiramente nasceram de novo, os genuinamente cristãos, continuarão na vida crista até a morte e, a seguir, ficarao com Cristo no céu. Jesus diz: “Pois desci dos céus, não para fazer a minha vontade, mas para fazer a vontade daquele que me enviou. E esta e a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum dos que ele me deu, mas os ressuscite no último dia”.

Porque a vontade de meu Pai é que todo aquele que olhar para o Filho e nele crer tenha a vida eterna, e eu o ressuscitarei no ultimo dia” (Jo 6.38-40). Aqui Jesus diz que todo o que cre nele terá vida eterna. Diz que ressuscitara essa pessoa no ultimo dia — o que, nesse contexto de crer no Filho e ter vida eterna, claramente significa que Jesus ressuscitará a pessoa para a vida eterna com ele (não  apenas a ressuscitara para ser julgada e condenada). Parece dificil evitar a conclusão de que quem verdadeiramente cre em Cristo permanecera cristão até o dia da ressurreicao final com bencaos de vida na presenca de Deus. Além disso, esse texto enfatiza que Jesus faz a vontade do Pai, que e não perder nenhum dos que o Pai lhe dera (Jo 6.39). Uma vez mais, os que foram dados ao Filho pelo Pai nao se perderão. Outra passagem que salienta essa verdade e João 10.27-29, na qual Jesus diz: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão. Meu Pai, que as deu para mim, e maior do que todos; ninguém as pode arrancar da mao de meu Pai”.

 

 

Curso ministrado na IPCA de 08 de Julho a 12 de Agosto, pelo Rev. Alcimar Dantas Dias

Fonte: Teologia Sistemática de Wayne Grudem, Ed. Vida Nova

 

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